O nosso conhecimento sobre o ecossistema e a biodiversidade do fundo do mar é ainda escasso, estando pouco estudado o seu papel ao nível do sistema terrestre. Sabemos no entanto que o oceano profundo influência grande parte dos processos globais, desde a condução da circulação termohalina à produção de oxigénio, assim como na sequestração de dióxido de carbono de origem antropogénica. Estas são funções valiosas para a humanidade que excedem largamente qualquer valor monetário que qualquer minério passível de ser extraído pode representar. A perda destas funções seria catastrófica.

É desconhecida a capacidade do fundo do oceano de tolerar os impactos desta atividade, sem que perca a sua resiliência ou a sua prestação de funções vitais.

Para além disso, a exploração mineira terá lugar num cenário de múltiplas ameaças ao oceano, como as alterações climáticas, a pesca excessiva e a poluição, cujos impactos se fazem sentir cada vez mais nas zonas mais profundas. Sabemos que o desenvolvimento da resiliência do oceano é fundamental, mas não dispomos ainda de provas de que essa reparação no oceano profundo seja possível.

Os impactos específicos que podem ser antecipados à volta dos locais de exploração incluem os óbvios danos nos habitats do leito marinho assim como a destruição dos organismos que lá vivem, e um aumento da toxicidade da coluna de água através do levamento de plumas de sedimento carregadas de metais pesados.

As plumas são produzidas quando finas partículas de resíduos de extração são despejados de volta ao oceano, gerando névoas “próximas do fundo” ou de “superfície”. Plumas próximas do fundo ocorrem quando os resíduos são bombeados de volta ao local de extração. . As plumas de superfície são lançadas diretamente para o oceano. As partículas flutuantes tornam a água mais turva e interferem com a alimentação por filtração dos organismos. Dependendo do tamanho das partículas e das correntes de água, as plumas podem espalhar-se ao longo de vastas áreas provocando impacto sobre um largo conjunto de espécies incluindo algumas migratórias como as baleias e os tubarões. Existe ainda a preocupação de que as plumas possam afetar o zooplâncton e a penetração da luz, o que perturbaria por sua vez a cadeia alimentar da região.

Em 2011, foram identificadas elevadas concentrações de elementos de terras raras (em especial os metais pesados mais raros) que podem ser encontrados nos primeiros metros de argilas no fundo do mar, bem como em nódulos e crostas de cobalto já em exploração. Os impactos da lama resultante da extração no fundo do mar ultrapassarão provavelmente aqueles associados aos nódulos polimetálicos, porque penetrarão mais fundo no sedimento e a descarga de plumas poderá ser mais intensa. As operações de extração de elementos de terras raras em lamas pode também incluir a utilização de ácido fraco durante o processamento.

As próprias companhias de exploração reconhecem os impactos desta atividade, afirmando a Nautilus Minerals que os potenciais impactos ambientais incluem a “remoção” de habitats, a produção de plumas, a perturbação na qualidade da água, e perturbações acústicas e de vibração.

Não é clara ainda a forma como os proveitos retirados deste processo extrativo serão partilhados de modo justo. As riquezas do fundo do mar vão muito além dos minerais em si mesmos, tratando-se de uma questão complexa que engloba entre muitos outros, os recursos genéticos marinhos, como o potencial médico e as aplicações comerciais descobertas no fundo do oceano. Não existe até ao momento nenhum plano que garanta que toda a humanidade possa beneficiar de tais descobertas para além da potencial riqueza mineral, e a exploração pode destruir recursos genéticos valiosos mesmo antes de serem descobertos.

Também por resolver está a forma como se deverá compensar pelos danos provocados ao Oceano e à subsistência das comunidades que dele dependem, e sobre quem recairá a responsabilidade e dever de ressarcimento. Os riscos e ameaças que a exploração mineira coloca são significativos e podem resultar em vastos prejuízos para o leito marinho, para a coluna de água, para espécies que existem em ambos e para as pessoas que delas dependem.